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Pandemia

25 de março de 2020

Aplicativos de entregas alteram logística e
GIGs têm proteção parcial

FELIPE VITE

Empresas de aplicativos de entrega e transporte, tão necessários à população que deve permanecer confinada, alteraram a logística de funcionamento em virtude do aumento de demanda e tomaram medidas parciais de proteção aos seus “colaboradores”. Supermercados que mantinham vendas online e por telefone também suspenderam o serviço, com a justificativa de que não dariam conta de separar e entregar as encomendas.

A Rappi já não entrega as encomendas em uma hora, característica que garantiu até aqui uma expansão fantástica das operações e a transformou no primeiro unicórnio latino (empresas que valem mais de US$ 1 bilhão). Desde o início da semana as entregas são agendadas com prazo mínimo de três dias. Com relação ao apoio financeiro para quem perdeu renda pela redução da atividade – maior no caso de transporte de pessoas, como a Uber -, há informações de apoios parciais que, no entanto, ainda não estavam formalizados.

A Uber anunciou que compensará os motoristas que contraírem o COVID-19. Os critérios práticos são claros, mas é uma medida seletiva: atende apenas o motorista que fez pelo menos uma corrida nos 30 dias anteriores a 6 de março e que estejam contaminados. O valor será calculado com base nos ganhos diários desse motorista nos últimos seis meses e durará apenas 14 dias. Os motoristas infectados terão até 30 dias depois do diagnóstico para preencher um formulário e requisitar o auxílio. O problema aqui é justamente a necessidade de diagnóstico comprovado para pedir o auxílio, já que os testes não estão sendo feitos. O MPT soltou uma nota técnica a esse respeito, que orienta as empresas a aceitarem a autodeclaração do funcionário. (leia aqui)
Sobre a adoção de medidas de prevenção no Brasil, falamos com um motorista. O mesmo diz que a Uber

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não fornece nenhum tipo de apoio para a adoção de medidas de prevenção. Não está fornecendo álcool gel e nem máscaras, como recomenda nota técnica do MPT  e também do governo do Estado. Toda e qualquer medida preventiva está partindo dos próprios motoristas. Eles circulam com as janelas abertas, impedem que o passageiro sente no banco da frente, ao seu lado, oferecem álcool em gel e limpam o carro a cada viagem. Todos os entrevistados afirmam que o movimento caiu mais de 50% já na semana passada.

A Rappi no Brasil foi contatada para informar as ações que estariam tomando, mas até o momento de publicação desta matéria, a empresa não respondeu. Os entregadores

do aplicativo entrevistados contam que a empresa disparou mensagens para todos os seus entregadores com um informativo, onde faz três anúncios. O primeiro é que os trabalhadores começarão a receber pedidos com a descrição "zero contato", o que indica uma entrega onde o contato com o cliente será inexistente. A recomendação é que o entregador toque a campainha, deixe as entregas com muito cuidado na porta ou portaria, fique a uma distância de 2 metros e, à distância, cumprimente o usuário.

O segundo anúncio, a Rappi está trabalhando para fornecer álcool gel e máscaras para os trabalhadores, mas em virtude da oferta escassa dos produtos, elas serão entregues nas áreas mais afetadas pela doença. Por fim, a empresa também anunciou um fundo para auxílio de entregadores infectados com o vírus. Esse auxílio também terá a duração de 14 dias, mas os detalhes quanto a forma de cálculo do valor e amplitude da indenização não foram divulgados.

As medidas de auxílio financeiro para infectados estão se tornando padrão nas grandes empresas de serviços por aplicativo, mas aparentemente a falta de medidas de prevenção (tardias em alguns casos) e a falta de informações sobre trabalhadores afetados com lockdowns, fechamento total das cidades e fronteiras como feito em Wuhan, na China, e que foram iniciadas no Brasil na última semana, causa ainda mais dúvida e apreensão nas pessoas que dependem deste serviço como fonte de renda.

Dentre os empregados no Brasil, 43,3% representam os autônomos. Em um balanço anunciado pelo IBGE em 2019, cerca de 4 milhões de brasileiros tiram sua principal fonte de renda dos serviços prestados à aplicativos - Uber, Rappi, 99 e iFood - representando 17% dos 23,8 milhões de brasileiros que também trabalham para essas empresas.

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