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mercado de trabalho

21 de fevereiro de 2020

Aplicativos colocam vida do trabalhador em risco 

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UM POR DIA - áreas em azul são locais com o maior número de ocorrências. Bolinhas azuis referen-se a acidentes com vítima e as vermelhas, quando há morte

FELIPE VITE

Em 2019, 311 motociclistas morreram no trânsito de São Paulo. O registro é do Infosiga, um banco de dados sobre acidentes de trânsito da Prefeitura da cidade, grande centro urbano que experimenta um cenário novo e ainda mais caótico com a crescente presença de motoristas e entregadores de aplicativos. Os técnicos do Infosiga ainda estudam o impacto desse movimento nos acidentes, mas o sociólogo e professor da Unicamp Ricardo Antunes denuncia que as duras condições de trabalho desse pessoal é uma das razões no debate Uberização no mundo do trabalho para todos: repercussões na vida da pessoa, do 6º Congresso, disponível no nosso canal do Youtube. "As consequências sociais são profundas. Jovens morrendo com as motos, com os patinetes, as bicicletas, automóveis. Nenhum trabalhador do Uber que eu entrevistei até hoje, nenhum, me disse que trabalhava menos do que 10 ou 12 horas por dia", diz ele. 
O professor aponta as possibilidades infinitas da informação a distância em tempo real: "Vamos para outro setor, a Amazon. Há 15 anos comprava livros. Hoje faço qualquer coisa, qualquer coisa. Se eu quiser traduzir um texto meu, eu consigo numa das plataformas Amazon", diz. E critica: "E sem uma intermediação". Os aplicativos, na explicação do professor, são o reflexo da ideia de que é possível uma profunda

LIVRO
Ricardo estava prestes a lançar o livro Riqueza e miséria do trabalho no Brasil IV, o que aconteceu pela Boi Tempo Editorial em dezembro do ano passado. No livro, ele reúne

uma série de artigos sobre as transformações dos últimos anos no mercado de trabalho, com a influência cada vez mais crescente dos meios digitais. A primeira parte do livro é focada no trabalhador digital, relacionando a expropriação do tempo de trabalho e de vida por parte de empresas globais e o grande boom do trabalho intermitente, os famosos "trabalhadores de aplicativos".

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expoliação e exploração do trabalho sem ter um patrão. "A figura, a persona, a personificação do capital desaparece. E é Global", diz. O que deixa a classe trabalhadora sem ter um canal para onde encaminhar suas demandas. As tentativas de regulamentação dos governos, que poderia ajudar a controlar as empresas, estão ainda no começo. "Agora, como o Rodrigo (Carelli, procurador do Trabalho e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro) lembrou aqui, na Inglaterra e em outras partes do mundo, tem havido restrição. Não é por acaso que a Uber se expande em alguns setores

e em outros não", diz. Ricardo acredita que esses trabalhadores digitais estão perdendo as barreiras que separam a vida pessoal e profissional, o que traz sérios riscos a saúde dos trabalhadores. O dia dessas pessoas tem, segundo o professor, cada vez menos tempo voltado para o cuidado próprio, físico ou psicológico. São rotinas muito frenéticas que, até pouco tempo atrás, eram encorajadas pelas próprias empresas, ao oferecer bônus para quem fizesse mais entregas. Em São Paulo, a Prefeitura conseguiu proibir o estabelecimento de metas para motoqueiros. Em 2019 houve uma pequena redução se comparado ao ano passado (360 aciddentes, contra 311 esse ano), mas os técnicos ainda estudam se a medida influenciou nessa redução.Ilustrando este cenário, o PNAD mostra que embora o desemprego tenha caído em 19 estados brasileiros no último trimestre de 2019, o percentual de informalidade subiu em 20 estados. A taxa média de desocupação nacional era de 12,3% no meso período em 2018 e caiu para 11,9% no ano passado. Apesar dessa queda no desemprego, a taxa de informalidade atingiu recordes, chegando a média nacional de 41,1% da população ocupada/empregada. Destaque para o estado de São Paulo, que saiu de 27,4% de trabalhadores informais em 2016, para 32% ano passado. Em 11 estados a média de  informalidade está acima dos 50%.

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