INSTITUTO
WALTER LESER
Saúde coletiva & cidadania
Vivo e forte, apesar de tudo
A força e a determinação que marcaram a vida do poeta e escritor uruguaio Mauricio Rosencof irão iluminar os trabalhos deste ano no Congresso Internacional de
Ciências do Trabalho. Um dos fundadores da União da Juventude Comunista e líder do Movimento de Libertação Nacional no Uruguai (MLN-T), Maurício ficou preso de 1973 a 1985 juntamente com Pepe Mujica, ex-presidente daquele país, e Eleuterio Fernández Huidobro, popularmente conhecido como "El Ñato" e também jornalista e escritor, em condições de extrema dureza e violência.
Rosencof foi entrevistado com exclusividade pelo também jornalista Juca Kfouri, que exibe e comenta a entrevista na mesa de abertura, A defesa de nossas vidas exige um outro mundo e outros valores”, às 16h30.
Juca foi recebido pelo colega em sua casa, em Montevidéu, e conversou sobre como resistir quando todo o entorno é contrário e hostil aos valores que nos guiam. Com grande experiência na cobertura esportiva, Juca sempre enfrentou a cartolagem e, em consequência, responde a vários processos judiciais. Hoje é comentarista na Rádio CBN e responsável pelo programa EntreVistas na TVT.
Retratadas no filme Uma Noite de 12 Anos, as vidas desses três personagens da luta contra a ditadura no Uruguai dentro dos calabouços onde permaneceram durante 4.323 dias têm sido consideradas, desde a sua estreia em 2018, um exemplo de superação e resistência diante das mais sombrias condições humanas. Depois da prisão, no período de redemocratização do País, os três tiveram papéis relevantes no Uruguai: Pepe tornou-se deputado, senador e presidente entre 2010 e 2015, Eleutério foi senador e ocupava o cargo de ministro da Segurança quando faleceu, em 2016 aos 74 anos; e Maurício,
A entrevista será exibida pela TVT no mesmo dia 26, às 22 horas
hoje com 86 anos, ainda é diretor Cultural da prefeitura de Montevidéu.
Produção argentina-espanhola-uruguaia com direção de Alvaro Brechner, o filme tem roteiro escrito por Maurício, baseado no romance Memórias do calabouço, lançado na década de 1980 e também escrito por ele, juntamente com Eleutério. “Foi um acordo que fizemos (o livro). Não nos víamos cara a cara, mas reinventamos o morse e falamos com golpes através da parede. Uma das coisas que prometemos é que se um dos dois saísse com vida e em condições, ia dar testemunho de toda esta peripécia”, contou Maurício em entrevista para o lançamento do filme.
O poeta diz que até hoje se pergunta como conseguiram, depois do que passaram e em meio às tarefas de reorganização do movimento e acolhimento dos que estavam saindo da prisão, recordar e escrever o que viveram. “Nosso livro de denúncia não tem um adjetivo, não há bronca, não há ódio, contamos ao mundo tal qual foi”, explica Maurício, ressaltando que o filme segue esse mesmo espírito.
Às 18h30 - Mundo do Trabalho e caminhos de luta pelo Direito: Existem?
Em seguida e fechando o dia, o advogado ativista argentino Alberto Federico Ovejero, membro da Liga Argentina de Direitos Humanos, Jorge Luiz Souto Maior, professor da Faculdade de Direito da USP e desembargador da Justiça do Trabalho; Magda Biavaschi, desembargadora aposentada e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit, Unicamp), e Maximiliano Nagl Garcez, presidente da Associação Brasileira de Advogados e Advogadas Sindicais, continuam o debate sobre a necessidade e as possibilidades de luta, agora com foco no mundo do trabalho. A mesa O mundo do trabalho e caminhos de luta pelo Direito: existem?, analisa o processo de retrocesso dos direitos sociais, em particular os direitos trabalhistas nos últimos anos na América Latina e no Brasil, em particular e as possibilidades e limitações de caminhos de luta, entre os quais o do Direito.