Marchas e ocupações na reação dos trabalhadores europeus à precarização
Ricardo Antunes, convidado para a segunda mesa de debates na edição
de 2018, trouxe para o debate, os movimentos de trabalhadores na Europa
Leia abaixo um resumo de cada movimento citado e clique nas imagens para visitar as páginas correspondentes na web.
San Precário
Movimento MayDay
A ideia dos italianos de criar um santo protetor dos trabalhadores precários foi rejeitada pela assembleia de Trento, mas mesmo assim San Precario aparece pela primeira vez num domingo, dia 29 de fevereiro de 2004, em um Ipercoop de Milão (Ipercoop é um sistema de cooperativas de consumidores que opera a maior cadeia de supermercados da Itália). Será consagrado na marcha da Euro MayDay deste
mesmo ano: o santo saiu na frente da marcha em uma procissão festiva com cerca de 100 mil precários e precárias. Hoje existe uma página só para ele na Internet (clique na oração), onde é possível conhecer, além dessa história, a oração à San Precário, baixar o santinho e ler os cinco eixos da precariedade: renda, casa, afeto-amor-sexualidade, compartilhamento e mobilidade. E ele é o santo padroeiro de dezenas de coletivos e associações de precariados.

Precários inflexíveis
A primeira parada do MayDay aconteceu em Milão, em 2001, organizada por grupos anti-globalização que estavam montando um evento alternativo ao Fórum Social Europeu de Gênova. Era uma ação contra a precariedade do trabalho, um pedido de socorro, como sugere o nome. De Milão estendeu- se para Barcelona, em 2004, e por toda a Europa em 2005, formando a rede EuroMayDay. Estima-se que o número de participantes aumentou de 5 mil pessoas em Milão em 2001, para cerca de 200 mil em 2005. Em 2006, apesar de alguns grupos terem desistido do processo, o número de cidades e de manifestantes cresceu: 300 mil pessoas fizeram a marcha em 20 cidades. Atualmente existem grupos dedicados a organizar a marcha do MayDay em Amsterdam, Barcelona, Berlim, Bremen, Copenhagen, Estocolmo, Genebra, Gent, Gornja Radgona, Hamburgo, Hanau, Helsinque, Áquila, León, Liége, Lisboa, Londres, Liubliana, Málaga, Maribor, Marselha, Milão, Nápoles, Palermo, Porto, Sevilha, Terrassa, Tubingen, Viena e Zurique. A partir de 2006, a rede estendeu-se para além do território europeu e passou ter marchas em Tóquio (a primeira fora da Europa), Fuchu, Fukuoka, Quioto, Machida, Sapporo, Sendai, Toronto e Tsukuba.
Filhotes do MayDay em Portugal, os Precários Inflexíveis (PI), surgiram em 2004 para ocupar o vácuo que havia, de discussões e ações em torno das questões da precariedade em suas várias faces. Movimentando-se a partir do blog e organizados em rede, os PI definem-se como “precários no emprego e na vida”, denunciam a precariedade e fraudes em todos os setores e pretendem ser uma alternativa à organização sindical tradicional. Bastante ativos, possuem ligações com os seguintes movimentos: Agir Ensemble Contre Le Chômage (França), Chainworkers (Itália), Comando Precario (Itália), EuroMayDay Belgium (Bélgica), EuroMayDay (Europa), Génération Précaire (França), Il Manifesto (Itália), MayDay Sur (Espanha), Precarias a la Deriva (Espanha) e Telekemados (Espanha).





