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Homenagem
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LUIZ SALVADOR

São Paulo, 1940 - São Paulo, 2018

Advogado trabalhista, defensor de presos políticos em Curitiba, onde se radicou, Luiz foi também o grande
idealizador deste Congresso

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Uma questão de sobrevivência

JOÃO BATISTA CESAR

Luiz Salvador, advogado trabalhista militante, foi o grande idealizador de um congresso internacional que reunisse pessoas de diferentes inserções sociais e de variadas formações; que tivesse como tema o mundo do trabalho, acidentes e doenças. Nascia a primeira edição deste Congresso, que em 2012, ocorreu em Salvador, como o I Congresso Internacional da ALAL sob coordenação da professora Petilda Serva Vazquez. Salvador teve uma vida de militância trabalhista e previdenciária relevante, interrompida por um AVC que o tirou de circulação nos últimos três anos. Mesmo assim, foi a grande figura por trás desta edição, que o homenageou ainda em vida. Ele faleceu logo depois do encerramento. “Lembrar da coragem do Luiz Salvador, das vitórias dele, é fundamental para inspirar a nossa atuação nesse momento”, disse Maximiliano Garcez, também advogado e um dos organizadores do evento, em referência à reforma trabalhista que está destruindo os direitos que Luiz tanto defendeu.

 

“A luta em defesa dos direitos do trabalho tem sido sempre uma poderosa forma de resistência dos trabalhadores ao avanço do capital. Pela defesa deles, os trabalhadores se mobilizam e lutam permanentemente.  O modelo econômico neoliberal globalizado impõe ao mundo esse sistema de aumento de produtividade, maximização dos lucros ao menor custo operacional possível. Com isso, ruiu os avanços sociais conquistados, ‘O Estado do Bem Estar Social’. Agora a meta é outra. Flexibilização, precarização laboral a pretexto de manutenção dos empregos, tal como vem exigindo o patronato, que reivindica a aprovação das terceirizações sem limite em todos os setores da vida nacional” - ponderou Luiz Salvador em uma entrevista, uma declaração que resume o ponto central de sua luta. 


Luiz Salvador nasceu em São Paulo, em 1940, mas radicou-se em Curitiba. Formou-se em Direito na Universidade Federal do Paraná, em plena ditadura militar e, como advogado, passou a defender apenas trabalhadores a partir de 1973, quando se formou. Na época, também concluiu o curso de Letras e foi presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba. Fundou junto com Edésio Franco Passos, já falecido,

um escritório de advocacia - trabalhista e previdenciária - que só atuava na defesa de trabalhadores. Quem conta a história é seu irmão e sócio neste escritório, Olimpio Paulo Filho.

 

Luiz foi presidente da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas por duas gestões; presidiu a Associação Latino Americana de Advogados Trabalhistas; mas foi a organização do Congresso que marcou seus últimos anos de vida. O irmão Olímpio diz que a principal preocupação do irmão na véspera deste Congresso era com a obrigatoriedade de o trabalhador arcar com os custos processuais em caso de perda da ação, a chamada sucumbência. Com a sucumbência, conforme conta Olímpio, Luiz diz que o trabalhador passa a ter medo de lutar por seus direitos e ser, depois, obrigado a arcar com os custos processuais. Assim, há que se ter toda atenção, pois ao lutar por seus direitos, na nova legislação o trabalhador pode ir à ruína.

 

Maximiliano ressalta o carinho de Luiz em aglutinar as pessoas. “Vejo aqui companheiros e companheiras que se tornaram amigos e combatentes por conta do Luiz Salvador. Tantos sindicalistas que a gente conhece, tantas pessoas que a gente conhece, os canadenses tem uma profunda admiração pelo seu trabalho”, disse Maximiliano. Luiz teve uma atuação internacional relevante; como jurado no Tribunal Mundial da Liberdade Sindical fez um trabalho fundamental na Comissão de Relações Internacionais da OAB, como presidente da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas abriu novas fronteiras; foi ainda presidente da Associação Latino-americana de Abogados Laboralistas, e um dos líderes que promoveu a resistência vitoriosa à Alca. 

 

“Gostaria realmente de destacar o papel do Luiz Salvador, de aglutinador de pessoas, gente que foi  se encontrando e formando uma rede. Foi por meio dele que acabei me engajando nessa ideia de redes, e redes cada vez maiores, para a gente resistir e lutar. Realmente Luiz Salvador é uma pessoa que mora no nosso coração”, disse Maria Maeno, organizadora do evento.

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