
INSTITUTO
WALTER LESER
Saúde coletiva & cidadania
Saúde do Trabalhador
3 de janeiro de 2025
Nota de apoio
O Instituto Walter Leser vem a público defender a médica sanitarista Ligia Bahia, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Conselho da SBPC, diante das acusações feitas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Ligia criticou o posicionamento do CFM, contrário à vacinação contra COVID-19 durante a pandemia e também o apoio do Conselho ao uso da cloroquina no tratamento da doença. Ela também contestou a posição do CFM contra a legislação que permite o aborto em crianças vítimas de estupro. Ligia fez essas declarações em uma entrevista para o programa Em Detalhes no canal de YouTube do Instituto Conhecimento Liberta (ICL) em agosto de 2024. A ação movida pelo CFM pede retratação pública e indenização de R$ 100 mil por danos causados à imagem de alguns de seus integrantes.
Em novembro, em decisão liminar, a Justiça negou ao CFM o pedido para retirar a entrevista do ar, com o
argumento que ela não foi a única a criticar a posição do Conselho:
"O que se ventilou na mencionada entrevista foi alvo de críticas à atuação do CFM em outros veículos de imprensa, seja no que tange à sua tolerância na utilização de tratamentos sem eficácia comprovada durante a pandemia, seja no que concerne à recente resolução CFM 2.378/2024, que proibiu aos médicos a interrupção de gravidez nos casos de aborto previsto em Lei"
Ligia vem recebendo apoio das instituições em que atua, e de grande parte da comunidade científica. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) distribuíram
uma nota de apoio, em que afirmam que as declarações da professora refletem consensos científicos amplamente reconhecidos no mundo.
"Ao buscar puni-la por defender estratégias baseadas em evidências científicas, o CFM se afasta dos princípios básicos da ciência e da liberdade de expressão, que fundamentam a vida acadêmica e as sociedades democráticas. "
Dirceu Greco, professor e membro da Frente pela Vida e da Comissão Científica da Sociedade Brasileira de Bioética, afirma, em nota publicada no ICL, que a ação do CFM é extemporânea, intimidatória e incabível. "Nos solidarizamos e mobilizamos, pessoal, material e politicamente, a favor da professora Ligia", disse. A Frente pela Vida aprovou moção de solidariedade à Lígia Bahia. O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) também publicou uma nota de repúdio aos ataques sofridos pela professora.
Um dos apoios mais significativos vem dos professores titulares da UFRJ, que organizaram um abaixo-assinado. No texto os professores ressaltam que "as evidências científicas demonstram a eficácia das vacinas na contenção da doença (COVID-19), com a redução de casos e da gravidade dos sintomas nos infectados, e a ineficácia da cloroquina em seu tratamento."
A segunda fase da pesquisa EPICOVID 2.0 constatou, além da eficácia da vacina, as consequências nefastas das campanhas anti vacinas. O estudo teve uma primeira fase, no auge da pandemia, que monitorou a disseminação do vírus. Nesta segunda fase, com resultados divulgados no final do ano, a equipe de Pedro Halal avaliou o impacto da pandemia sobre a vida das pessoas e das famílias. Clique para saber mais
"Ligia Bahia é conhecida por todos que atuam na Saúde Coletiva por sua sólida formação acadêmica, por seu profundo compromisso com a construção de politicas sociais protetoras da vida e engajamento em todos os movimentos pela defesa do Sistema Único de Saúde. É uma referência de seriedade e conhecimento científico. O ataque contra Ligia Bahia é uma afronta ao suor, às lágrimas e às lutas do nosso povo."
MARIA MAENO
Médica, pesquisadora da Fundacentro e coordenadora do GT Saúde do Trabalhador do IWL
Somos todos/as Ligia Bahia!
"O ataque do CFM à professora Ligia Bahia é inaceitável e merece todo repúdio. Constatar a incapacidade dos médicos em construir qualificadas lideranças para a direção da maioria dos conselhos regionais de medicina e em decorrência do Conselho Federal é evidência da captura da maioria dos médicos pela mediocridade dos que apregoam o retrocesso na aplicação dos conhecimentos científicos produzidos pelo homem. Se com boa ciência temos margens para incertezas, ao arrepio dela temos, não incertezas, mas a atitude criminosa promovida. E por entidade que deveria zelar pela ética dos médicos para
com a população.
Abaixo os dirigentes do CFM,
VIVA A LUTADORA PELA SAÚDE DA POPULAÇÃO, LIGIA BAHIA.
UBIRATAN DE PAULA SANTOS
Pneumologista no HC-USP, presidente do Conselho Superior da FESP-SP e membro do IWL
A professora Ligia Bahia tem produção importante na Saúde Coletiva no Brasil, é defensora incansável do SUS universal, público, integral e de qualidade. Esta enfrentando neste momento os interesses mercantis corporativos e privatistas que assolam a área da saúde no país.
A ela todo nosso apoio.
MARA TAKAHASHI
Socióloga, doutora pelo Departamento de medicina preventiva e social da FCM - Unicamp. Pesquisadora voluntária do Projeto PesquisAT e membro do IWL.
Ligia Bahia, com sua atuação firme e transformadora, tem sido fundamental no fortalecimento da saúde pública brasileira. Sua trajetória destaca-se pelo brilhantismo técnico e compromisso humanitário na luta por um sistema de saúde mais justo, demonstrando sempre a coragem necessária para enfrentar aqueles que, ao agirem contra o avanço da ciência e da saúde pública, ameaçam o
bem-estar do nosso povo.
JOSÉ CARLOS DO CARMO (KAL)
Médico pela USP, mestre pela Faculdade de Saúde Pública-USP, técnico do Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador/SP
e membro do IWL