INSTITUTO
WALTER LESER
Saúde coletiva & cidadania
Francês de nascimento, Jose-Manuel Thomas Arthur Chao é filho do escritor galego de Vilalba, Ramón Chao e de Felisa Ortega, nascida em Bilbao, País Basco. Cresceu bilíngue e ao som do punk francês até criar sua própria banda e se projetar como um personagem multicultural. Sua primeira banda mais consistente chamava-se Hot Paints e era formada por ele, seu irmão, Antoine Chao, e alguns amigos, entre eles Alain de Les Wampas, que tocavam uma mistura de rockabilly e punk rock. Em 1987 formou o multiracial e de viés anarquista Mano Negra, juntamente com o irmão Antoine (trompete) e seu primo Santiago Casiriego (bateria), que misturava rock, rumba, hip-hop, salsa, Raï (gênero de música popular folclórica tradicionalmente cantado por homens, originado em Orã, na Argélia na década de 1920, também presente na região oriental de Marrocos) e obviamente, punk. As letras misturavam francês, espanhol, inglês e árabe.
Essa mistura criou um estilo, a patchanka, que chacoalhou a cena musical no mundo todo. No Brasil, eles se apresentaram pela primeira vez no Vale do Anhangabaú, e em um show marcante no Rio de Janeiro, durante a ECO-92, em 1992. Os dois shows faziam parte de uma turnê pelas Américas, realizada com um navio graneleiro que teve os seus porões transformados numa reprodução fiel a uma rua de Nantes onde nasceu Júlio Verne, com palco e casa para vários artistas, incluindo duas companhias de balé – lideradas por Philippe Decouflé e Philippe Genty - e o grupo francês de teatro de rua Royal de Luxe. O Mano Negra foi desfeito em 1998, e Manu Chao continua sua carreira nos mesmo moldes: tocando patchanka e eletrizando os palcos por onde passa. Sua interpretação de Bella Ciao abre a lista como uma espécie de homenagem a esse espírito multicultural e multiracial.