INSTITUTO
WALTER LESER
Saúde coletiva & cidadania
DOSSIÊ COVID NO TRABALHO
Presta atenção! Presta Atenção!
Valdir Zamboni
médico, cirurgião no Hospital das Clínicas e no HU da Faculdade de Medicina da USP
São Paulo, 62 anos
O médico cirurgião Valdir Zamboni atende no Hospital das Clínicas e no Hospital Universitário, ambos da USP, na área de traumas e tem dito nas (muitas) entrevistas que deu depois de sobreviver à COVID-19, que teve uma "recuperação improvável". Seu caso chamou a atenção da mídia pela gravidade: ficou mais de 126 dias internado, 76 na UTI, 66 entubado. E por ser um exemplo e um alerta para as sequelas que a doença pode deixar, em maior ou menor grau, em todos os que foram infectados. Depois de sair da UTI, passou mais 12 dias na enfermaria e 38 na recapacitação. Só voltou ao centro cirúrgico, para trabalhar, recentemente, em meados de março.
O depoimento abaixo foi feito por ele para os colegas do
Colégio Brasileiro de Cirurgiões, e publicado na página da entidade. Original aqui
SOBRE O ADOECIMENTO
“Quando eu olhava o 11º andar, onde fica o covidário do Hospital das Clínicas, com os pacientes mais graves, eu jamais imaginaria que em pouquíssimo tempo eu estaria ali. Essas coisas a gente não imagina que possam acontecer, mas acontecem. Todas as medidas de precaução que eu tomei não evitaram que eu infelizmente tivesse uma forma grave da doença. Eu estava com 62 anos, hipertenso e tinha um pouco de sobrepeso. Comecei a ter uns sintomas inespecíficos, parecia uma virose, não tinha apetite e só tinha vontade de ficar deitado. O resultado do exame RT-PCR foi duvidoso, mas a tomografia do pulmão mostrou sinais de que se tratava da COVID-19”
NA HORA DE ENTUBAR
“Meu estado clínico piorou e recebi a notícia de que eu teria que ser intubado. Quando te dão essa notícia, é muito dramático, porque passa na cabeça da gente que tudo pode terminar ali, que tudo pode acabar ali na hora que fazem a sedação, pois te tiram a consciência para fazer a intubação. Minha consciência foi tirada e começou meu calvário na UTI”
CONSCIENTE DE NOVO
“Eu não vivenciei do ponto de vista consciente estas experiências porque eu estava sedado. Perdi muito peso e por um milagre acabei sobrevivendo a esta fase graças a dedicação da equipe de saúde e de todos os profissionais que cuidaram de mim. Quando eu retomei a consciência, não tinha noção de quanto tempo tinha se passado. Eu acordei e estava traqueostomizado, ligado a um ventilador mecânico, com um cuff insuflado na traqueia. É uma sensação que eu posso garantir que é horrível. Eu não conseguia abrir a mão pelo meu grau de perda de força muscular, perdi 26 quilos e
mal conseguia me mover na cama. Mas graças a Deus não tive nenhum fenômeno tromboembólico cerebral nem cardíaco e do ponto de vista cognitivo eu estava bem. Isso foi uma dádiva”
LONGE DA FAMÍLIA
“Me deu muita força poder ter contato com eles pela internet, essa hora era sagrada. Depois de decanular, eu fui para a enfermaria, fiquei mais 12 dias internado e iniciei um processo de reabilitação, pois eu não conseguia andar e tive que reaprender. Eu também tinha muita fome e estava tentando ganhar um pouco de peso”
SOBRE A REABILITAÇÃO
“(O Centro de Reabilitação Luci Montoro) É uma estrutura de primeiro mundo, é um orgulho ter uma instituição 100% SUS, um braço do HC. O hospital me ajudou muito, sou eternamente grato. Eu tive alta no dia 03 de setembro e continuo o processo de reabilitação junto com meu filho, que tem me orientado na musculação e nos exercícios respiratórios”
DESEJO DE VOLTAR
“Quero prestar uma homenagem a todos que me ajudaram a vencer essa doença traiçoeira e perigosa que é a COVID-19. Eu fico hoje olhando os noticiários, tudo o que é publicado na imprensa, tudo o que ainda está se falando sobre a COVID-19 e fico pensando: bom, eu estou aqui. Minha meta é poder voltar a trabalhar. Tudo o que eu quero é voltar a operar, voltar para o Hospital das Clínicas, minha casa, entrar pela porta da frente do 5º andar e falar: eu voltei, eu vim trabalhar pessoal. Eu me sinto acolhido por Deus e por todos os meus colegas. Estou bem melhor agora, estou forte, confiante e esperançoso. A exemplo de vários cirurgiões que também ficaram muito tempo internados e voltaram, eu sei que vou voltar. Deus está do meu lado”
HISTÓRIAS DA LINHA DE FRENTE
Coluna de Gerson Salvador, na Folha de S. Paulo
A jornada do cirurgião Valdir Zamboni
"Peito de aço! Eu, interninho, ficava impressionado com o cirurgião do trauma, cabelos já cor de cinza, que falava de braços abertos, chamando atenção dos residentes. Presta atenção! Presta atenção!"
Registros na mídia
REPORTAGEM
Pablo Pereira, O Estado de S.Paulo
18 de março de 2021
Recuperados da covid-19 lutam para voltar ao trabalho, mas sofrem com sequelas da doença
REPORTAGEM
Pablo Pereira, O Estado de S.Paulo
18 de março de 2021
Recuperados da covid-19 lutam para voltar ao trabalho, mas sofrem com sequelas da doença
HOMENAGENS
Facebook - Colégio Brasileiro de Cirurgiões
17 de dezembro de 2020
Álbum de fotos: #Natal202CBC - Valdir Zamboni
Facebook - Governo do Estado de São Paulo
09 de agosto de 2020
REPORTAGEM
CNN, São Paulo
31 de dezembro de 2020
Melhoras acontecem mês a mês, diz médico que ficou intubado por 88 dias
CANAL DO YOUTUBE
Além de médico, doutor Zamboni também é músico. Toca guitarra desde a juventude, muito bem segundo seus colegas. Confira no canal que ele mantém no Youtube, onde posta vídeos de suas performances tocando clássicos do rock e country