INSTITUTO
WALTER LESER
Saúde coletiva & cidadania
Pandemia
10 de julho de 2020
Inseguros, angustiados e com medo
Pandemia e a obrigatoriedade do trabalho à distância expõe a precariedade extrema enfrentada por professores e alunos de todo país
Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra grandes dificuldades dos professores da rede pública de ensino que estão trabalhando a partir de suas casas, situação de 82% dos docentes das redes municipais, estaduais e federal. Realizada pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente (Gestrado), com coordenação da professora Dalila Andrade Oliveira e parceria da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a pesquisa entrevistou 15.654 professores de todos os Estados, 78% mulheres e 22% homens, a maioria dando aulas no ciclo fundamental (38% anos iniciais, 42% anos finais), do ensino regular (59,6%).
Os primeiros resultados mostram temor pela perda de direitos (44%), insegurança na volta à sala de aulas (69%) e angústia em relação ao futuro (50%). Sem experiência prévia em ensino à distância (89%), a maioria (41%) não recebeu qualquer treinamento ou formação para se adaptar ao trabalho remoto e se encontra diante de alunos desmotivados e sem condições mínimas para acompanhar as aulas online: 80% não têm acesso à Internet e 38% não sabe como usar a tecnologia.
Esses dados foram apresentados essa semana em um debate transmitido ao vivo pelo canal do Youtube do Gestrado e estão disponíveis no relatório inicial. Os autores informam que a divulgação do relatório completo será feita no dia 28 de julho e também que pretendem fazer a mesma investigação com os professores da rede privada nos próximos meses.
Canal traz experiência na Europa
O canal do Gestrado/UFMG traz também um debate em que as professoras Sofia Viseu, da Universidade de Lisboa, e Marialuisa Villani, da Università di Napoli Federico II conversam sobre as condições dos professores durante a pandemia em Portugal e Itália com o também professor Tiago Jorge, Universidade Federal de Minas Gerais. Esse debate, e também o que mostra os dados da pesquisa brasileira, fazem parte da playlist Gestrado na Rede, vinculado ao projeto de pesquisa Políticas públicas para a melhoria do Ensino Médio: socialização científica, tradução e transferência de resultados (2017-2020), desenvolvida pela UFMG, Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade de Lisboa e a Universidade de Strasbourg.