INSTITUTO
WALTER LESER
Saúde coletiva & cidadania
Pandemia
06 de julho de 2020
Tombo é maior entre informais e autônomos
Ipea divulga resultados de estudo sobre os efeitos da pandemia nos rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio emergencial na sua Carta de Conjuntura 48
A pandemia tirou quase metade - 40% - da renda habitual de trabalhadores autônomos, ou “por conta própria”, o grupo mais duramente atingido pelas medidas de isolamento social. O segundo grupo mais atingido foram os empregadores, que tiveram uma queda na renda de 69%, porém mantiveram um valor médio mensal relativamente alto, de R$ 4 mil. Feito com base nos microdados da PNDAD Covid-19, o estudo mostra que o auxílio emergencial compensou em apenas 45% os impactos na massa salarial total. O estudo mostra ainda que cerca de 3,5 milhões de domicílios (5,2%) sobreviveram no
período apenas com os R$ 600,00 pagos pelo benefício.
Considerando os setores, os mais duramente atingidos foram as artes, esportes e recreação, com uma redução de 55%; transporte de passageiros (57%), hospedagem (63%), serviços de alimentação (65%), atividades imobiliárias (70%), construção (71%) e serviço doméstico (74%). Os trabalhadores menos afetados encontram-se na administração pública (97%), indústria extrativa (92%), serviços de utilidade pública (93%), educação (92%), serviços financeiros (92%) e armazenamento, correios e serviços de entrega (91%).
Os trabalhadores por conta própria receberam efetivamente apenas 60% do que habitualmente recebiam, tendo seus rendimentos efetivos médios alcançado apenas R$ 1.092,12. Já os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam efetivamente 76% do habitual.
Os empregadores também foram severamente atingidos, tendo recebido 69% do habitual, mas apresentado ainda um rendimento médio acima de R$ 4.000.
Entretanto, os trabalhadores formais foram consideravelmente menos atingidos. Trabalhadores do setor privado com carteira receberam em média 92% do habitual, e os do setor público contratados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 96%.
Entre militares e estatutários, a renda efetiva alcançou 98% da renda habitual, e mesmo entre os trabalhadores informais do setor público a renda efetiva foi 91% da habitual.