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Pandemia

03 de julho de 2020

Covid-19 mata um a cada 100 infectados

Resultados da terceira e última fase do estudo Epicovid-19 BR, que testou quase 90 mil pessoas em 133 cidades brasileiras, desautorizam a flexibilização do isolamento social em quatro das cincos regiões do País
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O número de casos e de mortes por covid-19 cresceu em todas as regiões do País, com exceção da Região Norte, e está matando um a cada 100 doentes, conforme o resultado final do  estudo EPICOVID19-BR, que mapeia a pandemia no Brasil, anunciado na quinta-feira. Coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), do Rio Grande do Sul, com financiamento do Ministério da Saúde, o estudo testou quase 90 mil moradores de 133 cidades do País em três fases com duas semanas entre uma e outra. É a maior amostra de indivíduos testados e entrevistados para coronavírus do mundo.

Os resultados finais foram apresentados em uma entrevista coletiva com o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, e o infectologista Pedro Hallal, reitor da UFPel e coordenador da pesquisa. Com curvas ascendentes nas regiões Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, Pedro reforçou a orientação que faz desde o início, de que enquanto houver aumento de casos, o isolamento é essencial. Considerando os resultados da pesquisa, apenas na região Norte há espaço para iniciar a abertura, mas o pesquisador preferiu não propor uma estratégia. “O gestor é que decide como enfrentar o dado”, disse.

O secretário Élcio Franco preferiu não tomar decisão alguma - deixou a decisão para prefeitos e governadores - e manteve a posição errática em relação à necessidade de isolamento social e uso de proteção que tem sido adotada pelos gestores do Ministério da Saúde desde a saída de Luiz Henrique Mandetta.

Os dados da pesquisa mostram uma redução da velocidade de expansão entre a segunda e a terceira fase, o que Pedro credita à redução dos casos na Região Norte. Entre a primeira e a segunda fase, a prevalência da doença - porcentagem da população com anticorpos - aumentou 53%, de 1,9 para 3,1; e na terceira fase ficou em 3,8%, 23% a mais. Somadas as três fases da pesquisa, foram identificadas 2.064 pessoas com anticorpos, significando quem tem ou já tiveram infecção pelo coronavírus. Dessas, apenas 9% não relataram qualquer sintoma, sendo classificadas como assintomáticas. Os cinco sintomas relatados por mais da metade das pessoas com anticorpos foram febre, tosse, alteração de olfato/paladar, dor no corpo e dor de cabeça.

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MS distribui 4,4 milhões comprimidos de cloroquina

A distribuição de 4,4 milhões de comprimidos de cloroquina, anunciada pelo secretário Elcio Franco logo no início da coletiva, foi o principal assunto da coletiva. Os jornalistas questionaram a ação, ressaltando que muitos hospitais vetam o uso do medicamento além da existência de um grande número de estudos que apontam para a sua ineficiência no tratamento da covid-19 em qualquer fase. O secretário ocupou quase todo o tempo de sua fala tentando justificar a medida, mas terminou não respondendo em que estudos especificamente o MS se baseou para fazer essa distribuição e recomendação. Élcio se deteve em 

explicar didaticamente o conceito de evidência científica e se referiu de forma genérica a estudos observacionais realizados em redes brasileiras e estrangeiras. 

Antes de noticiar a distribuição de cloroquina, Élcio fez uma espécie de

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prestação de contas sobre os investimentos do Ministério da Saúde em remédios, começando com a distribuição de 334,8 mil unidades de remédios para intubação, e uma lista com 21 remédios para o mesmo fim com compra requisitada. A demanda estimada da rede SUS para sete dias destes medicamentos, segundo informações do Sistema de Suporte à Decisão do Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF/SCTIE), é de 11.284.042 unidades, quase 34 vezes mais do que o MS distribuiu. 

A lista dos remédios distribuídos tem apenas 5 medicamentos, dos 21 demandados, e mesmo esses, foram distribuídos em quantidades muito menores do que a demanda: foram distribuídas 85 mil unidades de Dexmedetomidina (50 mcg/ml e 100 mcg/ml), para uma demanda de 898.481 unidades; 100 mil do Midazolam 5 mg/ml, que tem demanda de 1.661.313 unidades.

MÍDIAS

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