top of page

Pandemia

18 de junho de 2021

Metrô tem 26,2% dos seus funcionários com COVID-19

O índice, registrado em São Paulo, repete-se em maior ou menor grau em outras capitais: Porto Alegre tem 23,5%; Maceió 25%. Em Recife o índice é de 8,6% e Belo Horizonte, 9,6%, mas nestes locais o metrô só atende trabalhadores em atividades essenciais e circula em número reduzido 

contaminação metro1.jpg

 Mais de um quarto dos 6.175 funcionários do metrô que estão trabalhando de forma presencial em São Paulo adoeceram pela COVID-19. O dado foi apresentado na semana passada pela Ouvidoria do governo estadual à Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro). Alex Santana Vieira, diretor da Fenametro, reclama da recusa por parte da empresa em fornecer informações a respeito da doença entre os funcionários e conta que nem mesmo o Portal de Transparência do Metrô liberou os números. “Fiz o pedido no Portal e a resposta foi negativa. Entrei com recurso, mas negaram novamente. Entrei com recurso na Ouvidoria do Estado e aí recebemos esses dados”, conta. Esse processo levou de três a quatro meses. A vacinação dos funcionários começou em 11 de maio, depois do Ministério Público do Trabalho (MPT) reconhecer a categoria como a segunda mais exposta ao vírus.

 A Ouvidoria informa que 1.620 metroviários foram contaminados até o momento, o que representa 26,23% dos que trabalham de forma presencial, enquanto a taxa nacional está em cerca de 7%. “São principalmente pessoas que atuam no setor operacional”, diz Alex. Desses casos confirmados, 167 tiveram de ser internados e 20 faleceram. A conta não inclui os 1.489 metroviários afastados do trabalho presencial por comorbidades ou pela idade. Com relação ao monitoramento de casos, a Ouvidoria informa que até abril, o Metrô havia testado 3.494 funcionários e outros 5.331 realizaram testes por pedido médico na rede de atendimento. Considerando todo o quadro funcional do Metrô, que é de 7.664 trabalhadores, o índice de infecção é de 21,13%. Segundo o Sindicato da categoria em São Paulo, o Metrô não reconhece a COVID-19 como doença laboral, nem tampouco emite CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) nesses casos. “Isso demonstra que a entidade Sindical seguiu o caminho correto de lutar por vacinação. E o agravante é que por meses, quase um ano, estivemos lutando por questões básicas como o fornecimento de máscaras PFF2, álcool em gel, adoção de protocolos de segurança e afastamentos de pessoas acima de 60 anos”, afirma o diretor.  Segundo ele, a maioria das medidas de segurança e saúde do trabalhador na pandemia só foram tomadas depois de diversas denúncias nos órgãos competentes e ações na justiça.

 O caminho até que todos pudessem ser vacinados ilustra bem esse relato de Alex: de início, apenas os operadores de trem de qualquer idade e demais funcionários do setor de operação, onde o risco é maior, acima de 47 anos seriam vacinados. “A gente continuou na luta e conseguimos que o pessoal da operação de qualquer idade fosse vacinado e mais tarde, incluímos os funcionários terceirizados”, conta. Nesse último caso, no entanto, há ainda muita dificuldade, já que nem todas as

O SINDICATO DOS METROVIÁRIOS DO RIO GRANDE DO SUL (Sindmetrors) embarcou com os usuários nos horários de pico, para conferir as reclamações de superlotação e constatou que a empresa não está colocando os trens novos acoplados, como informa em suas comunicações a respeito das medidas de segurança adotadas. "E o "carrossel" da estação Sapucaia, que foi retirado no auge da pandemia, não voltou a rodar. Essa linha especial Sapucaia- Mercado e vice-versa, reduz a lotação", explica na publicação que fez do resultado no Instagran. 

empresas que prestam serviço ao Metrô forneceram o cadastro.

 Neste momento, a briga dos metroviários é contra o fim dos afastamentos por comorbidade e idade, medida que está sendo tomada pelo governo de São Paulo em virtude da vacinação. “Faz alguns meses que o Metrô-SP convocou o pessoal que estava afastado por idade. E ontem soltou nota convocando todos os afastados por comorbidade depois de 15 dias da segunda dose da vacina”, conta Alex. O diretor lembra que a situação no país ainda é muito grave e a vulnerabilidade de quem tem comorbidade se mantém alto, mesmo com  a vacina, pois o número de vacinados ainda é pequeno e as taxas de transmissão se mantêm muito altas. “Há risco do surgimento de novas variantes capazes de superar a vacina. Não discutimos isso ainda com a categoria, mas minha opinião é que esse retorno deveria acontecer apenas quando uma porcentagem maior da população estiver vacinada”, argumenta Alex.

SITUAÇÃO SE REPETE NOS ESTADOS
Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, 253 metroviários, 23,5% do quadro funcional do metrô, se infectaram. Quatro morreram. Alex diz que o metrô na cidade está circulando com número reduzido de viagens e com um número maior de vagões por composição.  Em Maceió o índice é de 25% do total de funcionários da Companhia de Trens Metropolitanos (CBTU), que também opera em Recife, onde houve até o momento, 164 casos (8,6%) de infecção pelo coronavírus segundo informações enviadas pela empresa à direção da
Fenametro, com 13 mortes. O que chama atenção na situação da capital de Pernambuco é que o número de infectados nos primeiros cinco meses deste ano é maior do que

o registrado em todo ano passado: são 89 doentes até 12 de maio deste ano contra 75 em 2020 (março a dezembro). Até outubro de 2020, de acordo com os registros da CBTU, o número de infectados a cada mês ficava sempre abaixo de dois dígitos. Há uma explosão em novembro, quando foram registrados 17 casos, e dezembro com 26 contaminações. A partir daí, o número de casos é sempre acima de 10.  

O superintendente regional da CBTU em Recife, Carlos Fernando Ferreira da Silva Filho, ressalva, em carta à Fenametro, que esses números podem estar subnotificados, já que foram levantados a partir do envio por email de documentos como laudos médicos e resultados de exames pelo empregado, que não é obrigado a fornecer laudos e exames à empresa e isso pode “comprometer o controle”.  “Há um alerta do Sindicato (local) de que pesquisa por amostra indicou que o número de infectados é bem maior”, diz Alex, que continua: “De qualquer forma o número também é elevado”. O diretor diz que há de 1900 a 2000 metroviários em Recife. 

 Em Belo Horizonte há 138 infectados, 9,6% dos 1.434 que trabalham de forma presencial, um índice alto apesar do lockdown. “Até o transporte parou. Funcionou apenas no horário de pico, para trabalhadores em atividades essenciais. Houve redução grande de usuários. E mesmo fora do lockdown, durante quase todo o período de pandemia, o metrô funcionou em apenas alguns horários para os essenciais”, conta Alex. Em carta à Fenametro, a empresa não faz essa conta – prefere usar a taxa de 7,6% de infectados, referente aos resultados positivos dos 695 testes realizados. Lá a operação também é da CBTU, que emprega cerca de 1700 pessoas e mantém hoje, 266 funcionários afastados por pertencerem ao grupo de risco para a doença. O superintende regional da CBTU em Minas Gerais, Miguel da Silva Marques, também faz uma diferenciação entre “contaminados” e “pessoas que tiveram contato com o vírus”, que não faz sentido, e ressalva que os casos podem não ser necessariamente consequência da atividade laboral.

 Há ainda informações a respeito da situação no Piauí, onde o metrô está parado desde o início da pandemia, e no Rio Grande do Norte, onde chegou a parar por um período. O mesmo ocorreu em Alagoas, que retomou a circulação dos trens em número reduzido. No Rio de Janeiro houve uma redução drástica por um período, com acesso permitido apenas para trabalhadores em atividades essenciais. E finalmente, o Distrito Federal, onde o metrô funcionou apenas para transportar os trabalhadores em atividades essenciais. Não há informações atualizadas a respeito das infecções. O registro no início da pandemia era de 10 casos. 

bottom of page