![](https://static.wixstatic.com/media/30f6dc_197ea16183804233a8a50594f9534efd~mv2.jpg/v1/fill/w_951,h_529,al_c,q_85,enc_auto/30f6dc_197ea16183804233a8a50594f9534efd~mv2.jpg)
INSTITUTO
WALTER LESER
Saúde coletiva & cidadania
Pandemia
11 de dezembro de 2020
BRF promove assédio para forçar acordo
Sindicato enviou denúncia ao MPT e pediu uma inspeção na Secretaria do Trabalho. Departamento de pessoal da empresa estaria fazendo proposta de acordo por telefone a trabalhadores afastados
A unidade do frigorífico BRF de Carambeí, no Paraná, foi novamente denunciada essa semana, agora por assédio a trabalhadores afastados durante a pandemia por portarem comorbidades. “Está querendo se livrar desses trabalhadores, esse é o termo correto. Para economizar e não dar garantias pós-retorno de estabilidade”, disse o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação Carambeí e Região (Sintac), Wagner do Nascimento Rodrigues. Há duas semanas o Sintac já havia denunciado a empresa pela demissão após aviso de férias coletivas. Wagner ainda lidava com a suspeita de demissão discriminatória de vários funcionários contaminados por COVID-19.
Wagner relata que o assédio se dá por telefone. A empresa liga para a pessoa que está em casa, afastada, e tenta convencê-la a fazer um acordo mutuo para demissão, abrindo mão de parte dos direitos que teria. O contato da área de pessoal da empresa leva muita insegurança aos trabalhadores que estão em casa por conta de uma vulnerabilidade maior, pois acabam sentindo que não serão bem recebidos na volta. Muitos aceitam. “Infelizmente a situação não está fácil. Parecia que as coisas estavam andando melhor, por conta da TAC (Termo de Ajuste de Conduta), mas vem esse tipo de surpresa desagradável. Infelizmente no nosso setor, a classe trabalhadora está cada vez mais acuada”, relata o sindicalista.
A BRF assinou, no final de abril, um TAC com indicações detalhadas e precisas das medidas de proteção que deve adotar e o que precisa evitar que aconteça. De forma geral, o grupo tem tido problemas com a COVID-19 em todas as suas plantas, identificadas em mais de uma
![BRFinterna1.jpg](https://static.wixstatic.com/media/30f6dc_62dc081b7870447fa2a0961da48249b3~mv2.jpg/v1/fill/w_638,h_302,al_c,lg_1,q_80,enc_auto/BRFinterna1.jpg)
BRF CARAMBEI/PR: Funcionários recebem proposta de acordo por telefone
O número de funcionários demitidos depois de contaminados ou que pertencem ao grupo de risco e que recorrem à Justiça do Trabalho por se sentirem lesados é grande, porém com poucos resultados positivos. As ações que tem como base o pagamento de indenizações por danos morais causados por discriminação; ou pedem a reintegração e que incluem o termo COVID-19 nas peças iniciais, distribuídas este ano somam 12.676 processos segundo o Data Lawyer Insights, plataforma de jurimetria criada por uma startup em 2018. As decisões, porém, tendem a favorecer as empresas, pois o trabalhador tem de provar que houve discriminação.
NA JUSTIÇA DO TRABALHO
PARA LER O TAC ASSINADO PELA EMPRESA Clique aqui
região como um ponto de disseminação do vírus em virtude da forma como o trabalho está organizado. Em maio, por uma imposição do Ministério Público do Trabalho (MPT) da testagem em massa nos frigoríficos, a empresa informou ter encontrado 135 funcionários contaminados em duas plantas (Concórdia -SC e Lajeado -RS), o que representa – 1,7% do total de trabalhadores nas duas unidades. Essa informação ratificou outra, a partir de contra-provas dos positivados, que indicava uma incidência de mais de 6%.
Com relação às demissões possivelmente discriminatórias de funcionários contaminados por COVID-19, Wagner diz que não conseguiu reverter nenhuma das que tomou conhecimento, apenas garantir o pagamento de indenização. Ele também não sabe dizer o número total de demitidos depois de contraírem COVID-19, porque muitas dessas rescisões não passaram pelo Sindicato.
O Sintac registrou denúncia no Ministério Público do Trabalho e enviou ofício para o departamento de inspeção do trabalho da Secretaria do Trabalho.
90 mil empregados em 130 países
A BRF é uma das gigantes do setor de alimentos, proprietária das marcas Sadia, Perdigão e Qualy, que emprega 90 mil trabalhadores em mais de 130 países. No final de junho lançou uma campanha para reforçar sua imagem de empresa preocupada com a saúde de seus funcionários. Além das peças usuais, produziu um filme com um minuto de duração, mais de três vezes o tamanho padrão, exibido nas TVs Globo, Record, SBT, BAND e Rede TV e em cidades onde a BRF opera.
![BRF 3.jpeg](https://static.wixstatic.com/media/30f6dc_fe3dbbd7310a4d809e0345dc95da2704~mv2.jpeg/v1/fill/w_270,h_157,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/BRF%203.jpeg)
NO ARQUIVO Matérias relacionadas
28 de abril: Descaso culmina em interdição de frigorífico da JBS no Rio Grande do Sul
19 de maio: Mais um frigorífico da JBS é interditado por surto de covid-19
22 de maio: Justiça intervém em mais dois frigoríficos no Sul
28 de maio: Covid-19 chegou nas aldeias de SC e MS pelos frigoríficos
08 de junho: Empregados em frigoríficos podem perder direito a pausas de recuperação térmica